Zema sobre população em situação de rua: “Dormir em via pública é proibido”


 Estado de Minas -  Em entrevista à BBC News Brasil, o governador de Minas diz que será candidato à Presidência e apresenta propostas caso seja eleito.


Às vésperas de lançar sua pré-candidatura à Presidência neste sábado (16/8), o governador de Minas GeraisRomeu Zema (Novo), já admite que pode não ter o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para sua próxima empreitada eleitoral em 2026.


"Nós temos uma afinidade em propostas e, com toda certeza, em 2026, a direita terá alguns candidatos e não um candidato. Então, pode ser que o ex-presidente venha apoiar outro candidato à direita", disse Zema, em entrevista à BBC News Brasil.


"Então estaremos, muito provavelmente, caminhando de maneira solitária no primeiro turno, mas estaremos juntos no segundo turno", disse o mineiro, insistindo, porém, que deve levar sua candidatura até o fim, mesmo sem a benção do ex-presidente.

A candidatura presidencial própria, ainda que sem o aval de Bolsonaro, é uma forma de atrair votos para a legenda, que pode vir a ser extinta por fusão ou incorporação a outro partido.


Mesmo sem o apoio de Bolsonaro, Zema mantém a posição de que concederia anistia ao ex-presidente, se eleito. Isso mesmo após uma pesquisa Datafolha, publicada no início de agosto, apontar que 61% dos eleitores não votariam em um candidato que prometa livrar Bolsonaro de qualquer pena ou punição no caso da suposta tentativa de golpe de Estado.


"Mantenho sim. Eu não estou à procura de voto, estou à procura de solução", diz Zema. "Por que não dar anistia? Acho que nós temos de passar uma régua nisso, uma borracha, e olhar para o futuro."


Em 2026, o Novo é um dos partidos sob risco de ser afetado pela cláusula de barreira, caso não eleja 13 deputados federais (atualmente, o partido tem apenas cinco) ou não obtenha 2,5% dos votos válidos para Câmara e 1,5% em pelo menos nove Estados.


Apesar de já ter criticado as tarifas de Trump contra o Brasil, o governador expressou apoio às sanções americanas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Mas disse não ver interferência do presidente americano sobre o sistema judiciário brasileiro.


Ele culpou ainda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo tarifaço, comparando os Estados Unidos a um cliente que deve ser bem tratado.


"Um cliente que é responsável por 12% das suas vendas, você não pode virar as costas, muito menos ficar agredindo gratuitamente, e foi o que o presidente fez. Então, acho que nós temos que nos colocar no nosso lugar", diz o governador.


Na entrevista, Zema apresentou ainda algumas de suas propostas, caso venha a ser eleito presidente.


Entre elas, estão medidas polêmicas, como uma lei para proibir pessoas em situação de rua de dormir em via pública — voltando a comparar moradores de rua com carros parados em lugar proibido que devem ser "guinchados", como já havia feito em entrevistas concedidas em junho.


Uma mulher se abriga sob um guarda-chuva enquanto passa por moradores de rua durante um dia chuvoso no Rio de Janeiro, em 22 de março de 2024.
AFP
'Se alguém deixa o carro estacionado num lugar proibido, o carro não é guinchado?', questiona Zema. 'Na minha opinião, nós tínhamos de ter uma lei, o seguinte: é proibido dormir em via pública. É proibido ficar acampado em via pública'

Ele defendeu ainda o "desmame" da Zona Franca de Manaus e mudanças no Bolsa Família.

Ao falar sobre o programa social, porém, mostrou desconhecimento sobre seu desenho, ao propor um mecanismo de saída para que quem comece a trabalhar possa manter o benefício por pelo menos um ano — o que já existe no programa desde 2023, através da chamada Regra de Proteção.


Nascido em Araxá (MG) e eleito duas vezes governador de Minas Gerais, após 26 anos como CEO de uma rede varejista, Zema declarou um patrimônio de quase R$ 130 milhões em 2022.


Ainda assim, ele se diz favorável à proposta de reforma do Imposto de Renda que prevê maior taxação para os mais ricos. Defende também uma mudança na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para permitir a pejotização de forma mais ampla — tema atualmente em debate no STF.


"Hoje nós temos muito esse processo de pejotização, em que muitas pessoas trabalham como prestadores de serviços por motivo tributário, mas é o equivalente a empregado. Então, acho que nós tínhamos de ter aqui uma 'CLT 2' que permitisse alguém fazer essa opção."






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