Democrata questiona governo Trump sobre motivos das sanções ao Brasil
Brasil 247 - Alexandria Ocasio-Cortez cobra relatório que justifique tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos.
A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como AOC, apresentou uma emenda ao projeto de lei do Orçamento da Defesa dos Estados Unidos solicitando que o governo do presidente Donald Trump explique formalmente as razões pelas quais o Brasil estaria sendo tratado como uma ameaça ao país
O texto da emenda, segundo a Folha de S. Paulo, prevê que o Departamento de Defesa elabore um relatório detalhando quais práticas ou políticas do governo brasileiro configurariam uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA — justificativa usada por Trump para decretar uma emergência nacional e impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Embora a proposta dificilmente avance, já que os democratas são minoria no Congresso, o gesto de Ocasio-Cortez tem forte valor político por dar visibilidade ao tema.
Atualmente, o projeto de orçamento da Defesa acumula 985 emendas. Entre elas, a de Ocasio-Cortez solicita ainda que seja feita uma avaliação sobre o impacto das sanções na relação bilateral, destacando que Brasil e Estados Unidos são “as duas maiores democracias do hemisfério”. A parlamentar também questiona se a imposição das tarifas, motivada por decisões do Judiciário brasileiro, realmente contribui para os objetivos de segurança nacional dos EUA.
Essa não é a primeira vez que AOC se posiciona em defesa de maior transparência sobre o Brasil. Em 2023, ela tentou aprovar uma emenda para obrigar o Departamento de Estado a divulgar documentos da inteligência americana relacionados à ditadura militar brasileira. Naquele mesmo ano, esteve em Brasília, onde visitou o Palácio do Planalto, discutiu os ataques golpistas de 8 de janeiro e dialogou sobre o legado do regime militar.
As tarifas de 50% determinadas pelo presidente Donald Trump entraram em vigor em 6 de agosto e atingem cerca de 36% das exportações brasileiras destinadas ao mercado americano. Entre os produtos impactados estão carnes, café e máquinas agrícolas.
Apesar do impacto expressivo, o decreto assinado por Trump estabeleceu aproximadamente 700 exceções, o que isenta 43% do valor exportado. Ficaram de fora das sobretaxas, por exemplo, derivados de petróleo, ferro-gusa, produtos da aviação civil — incluindo aeronaves da Embraer — e o suco de laranja.
O decreto que oficializou as medidas não menciona diretamente questões comerciais, mas cita críticas ao governo brasileiro e a decisões do Supremo Tribunal Federal, incluindo menções ao ministro Alexandre de Moraes e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu em processo sobre tentativa de golpe em 2022.
Na justificativa, a Casa Branca afirmou que as tarifas são necessárias para “lidar com ameaças incomuns e extraordinárias à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”. Porém, ao anunciar a medida, Trump chegou a alegar que havia déficit comercial com o Brasil — quando na verdade os EUA registram superávit.
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