Partidos de Bolsonaro e Temer lideram nas cidades com maiores índices de desmatamento
Nas eleições municipais deste ano, em que a pauta das mudanças climáticas ganha destaque devido aos fenômenos extremos causados pelas chuvas, secas e queimadas em diversas regiões do Brasil, os partidos dos ex-presidentes Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB), que pouco ou nada fizeram em relação à questão ambiental durante seus mandatos, aparecem como os favoritos nas cidades com os maiores índices de desmatamento.
Um levantamento conduzido pelo portal Metrópoles, com base nos dados do MapBiomas Alertas e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aponta uma correlação preocupante entre as políticas locais e a crescente emergência climática enfrentada pelo país. A degradação ambiental, que afeta diretamente o clima e a biodiversidade, não parece ser um tema central nas campanhas desses partidos, apesar de suas fortes presenças nas regiões mais impactadas pelo desmatamento.
As eleições, que ocorrerão em 5.569 municípios brasileiros, têm uma importância particular nas cidades localizadas na Amazônia. A região concentra os maiores índices de desmatamento e, consequentemente, enfrenta uma crise ambiental cada vez mais grave. Dados do MapBiomas indicam que, entre janeiro de 2019 e julho de 2024, municípios como Altamira (PA), São Félix do Xingu (PA), Lábrea (AM), Porto Velho (RO) e Apuí (AM) foram responsáveis pela destruição de mais de 1 milhão de hectares de vegetação nativa. Essa perda florestal, além de contribuir para a emissão de gases de efeito estufa, agrava as condições climáticas extremas em outras regiões do Brasil e do mundo.
Em meio a esse cenário, o avanço dos partidos de Bolsonaro e Temer nessas regiões levanta questões sobre o futuro das políticas ambientais no Brasil. Durante o governo de Bolsonaro, as taxas de desmatamento na Amazônia atingiram níveis alarmantes, acompanhadas de uma flexibilização na fiscalização ambiental e cortes de recursos para órgãos como o Ibama. Já o governo Temer, apesar de menos visado pelas críticas ambientais, também enfrentou pressões pela expansão de atividades econômicas em áreas de preservação.
O que se observa nessas cidades é uma combinação de fatores econômicos e políticos que favorecem a manutenção de uma agenda de desenvolvimento, muitas vezes em detrimento das políticas ambientais. A exploração madeireira, a pecuária extensiva e o avanço da agropecuária sobre áreas protegidas continuam sendo as principais atividades econômicas em diversas dessas cidades, e os partidos que representam esses interesses têm se mostrado dominantes no cenário eleitoral local.
Com a emergência climática cada vez mais evidente, o papel dos governos municipais se torna crucial para a implementação de políticas de adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. No entanto, a preferência dos eleitores por partidos que não priorizam a agenda ambiental pode significar um retrocesso nos esforços para conter a destruição da floresta amazônica e combater as crises climáticas que assolam o país.
Enquanto isso, especialistas alertam para a necessidade de uma mudança de mentalidade nas regiões mais afetadas pelo desmatamento. A preservação ambiental deve ser vista não apenas como uma questão de sobrevivência ecológica, mas também como uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável, com a criação de novas oportunidades econômicas que não dependam da destruição dos recursos naturais.
O resultado das eleições municipais deste ano será crucial para definir o rumo das políticas ambientais no Brasil. Caso partidos que historicamente negligenciaram a questão ambiental consolidem seu poder nas áreas mais sensíveis ao desmatamento, o futuro da Amazônia e do combate às mudanças climáticas no país poderá estar em risco.
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