O Metrópoles teve acesso, com exclusividade, aos comprovantes de rendimento apresentados por ele junto à Receita Federal
Preso há uma semana por ameaçar testemunhas e, supostamente, liderar o tráfico internacional de cocaína por meio de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), o empresário Marcos Daniel Penna Borja Rodrigues Gama, conhecido como “Chico Bomba”, teria acumulado milhões com a atividade ilegal.
Em três anos, movimentou R$ 5 milhões. O Metrópoles teve acesso, com exclusividade, aos comprovantes de rendimento apresentados por ele junto à Receita Federal. A escalada financeira do investigado chegou ao ápice em 2019, mesmo ano em que o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues foi preso, na Espanha, com 39kg de entorpecente.
A suspeita é de que os valores declarados ao Fisco são apenas uma pequena fatia das cifras milionárias movimentadas por Chico Bomba na capital federal e em estados como a Bahia, onde fez investimentos. Os recursos informados na declaração do Imposto de Renda seriam decorrentes da possível lavagem de dinheiro.
Arquivos obtidos pela coluna mostram que o narcotraficante não obteve renda nos anos de 2013 e 2014. Entretanto, em 2015, ele apresentou faturamento bruto de R$ 48,1 mil. No ano seguinte, o valor caiu para R$ 28,4 mil, voltando a subir em 2017, com renda declarada em R$ 35,6 mil. Em 2018, Marcos Daniel recebeu o valor irrisório de R$ 2. O maior salto, contudo, foi registrado em 2019, quando o suspeito afirmou ter recebido R$ 198,2 mil.
Marcos Daniel Penna Borja Rodrigues Gama, conhecido como “Chico Bomba”
Vida de luxo
Apesar de alegar não dispor de recursos no período, em 2013, o empresário adquiriu um apartamento de luxo, na Asa Sul, pela bagatela de R$ 2,3 milhões, valor pago em espécie. Os auditores fiscais identificaram que a compra do imóvel foi feita em nome da ex-companheira do empresário e que a mulher, no mesmo dia, doou o imóvel à filha do casal.
Questionada pelo Fisco sobre a compra milionária, ela afirmou que não tinha tal recurso e que o bem foi financiado por Marcos Daniel. No mesmo ano, o homem comprou um carro, modelo ASX da Mitsubishi, no valor de R$ 101,5 mil, sendo que R$ 96 mil foram, novamente, pagos em espécie e R$ 5 mil no cartão de débito.
As aquisições incoerentes com os valores declarados voltaram a chamar atenção da Receita Federal em 2015, quando Marcos Daniel comprou uma casa no Lago Sul, região nobre de Brasília, por R$ 1,6 milhão. Do total, o suspeito pegou R$ 800 mil a título de empréstimo com o próprio pai. O valor restante foi repassado em espécie. O Fisco também concluiu que o empresário fraudou escritura pública da residência. Na certidão, ele afirma ter comprado o bem por R$ 800 mil, menos da metade do valor real.
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