Estado mínimo para os pobres: Alesp aprova aumento, e salário de Tarcísio sobe para R$ 36,3 mil
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, nesta terça-feira (13), um reajuste de 5% no salário do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), elevando sua remuneração mensal para R\$ 36.301,53 a partir de junho. O aumento também se estende ao vice-governador, Felício Ramuth (PSD), que passará a receber R\$ 34.486,63, e aos secretários estaduais, cujos salários subirão para R\$ 32.671,36 .
Impacto financeiro e efeito cascata
O reajuste tem um impacto financeiro estimado em R\$ 18 milhões mensais e R\$ 230 milhões anuais, incluindo reflexos sobre aposentadorias e pensões. Para o exercício de 2025, considerando a vigência a partir de junho, o impacto projetado é de R\$ 144 milhões .
Como o salário do governador serve de teto para o funcionalismo público estadual, o aumento abre caminho para reajustes na elite dos servidores. O impacto dessa mudança para o restante do funcionalismo será de R\$ 2,4 bilhões neste ano e de R\$ 3,7 bilhões nos anos de 2026 e 2027 .
Reações e críticas
A proposta inicial previa um reajuste de 9,68% para o governador, mas foi reduzida para 5% após críticas de representantes de categorias de servidores, que teriam apenas 5% de aumento de acordo com outro projeto aprovado na mesma sessão .
O governador Tarcísio de Freitas também aprovou um aumento de 10% no salário mínimo paulista, que passou a ser de R\$ 1.804. Apesar da estratégia de anúncio coletivo, a medida foi criticada até por aliados, que consideraram os reajustes insuficientes .
Contexto político e social
O aumento salarial ocorre em um momento de dificuldades econômicas para muitos paulistas. O salário mínimo estadual permanece defasado em relação ao custo de vida, e categorias do funcionalismo, como professores e agentes de saúde, seguem em greve ou com salários congelados.
Analistas veem a medida como mais um sinal de que o projeto de Estado defendido por parte da elite política brasileira segue uma lógica de “mínimo para muitos, máximo para poucos”. A crítica recai especialmente sobre a incoerência entre os cortes nos programas sociais e os reajustes concedidos a si próprios por políticos.
“O discurso de eficiência e meritocracia cai por terra quando vemos quem realmente está sendo valorizado dentro da estrutura pública”, comenta a economista Júlia Santana, especialista em orçamento público. “Os mais pobres continuam arcando com os custos da crise, enquanto o topo do serviço público segue blindado e valorizado.
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