Milei enfrenta protestos ao chegar na Alemanha
DW - Centenas de pessoas se manifestaram nas ruas de Hamburgo contra o presidente argentino. Na cidade, Milei recebeu uma medalha de um grupo neoliberal controverso, associado a políticos de ultradireita. Neste sábado (22/06), centenas de manifestantes protestaram em Hamburgo contra Javier Milei, que estava na cidade para receber uma homenagem de uma fundação neoliberal ligada à ultradireita.
A manifestação foi organizada por grupos da diáspora argentina e latino-americana, ONGs alemãs e organizações de esquerda.
No domingo, Milei deve se encontrar brevemente com o chanceler federal Olaf Scholz, numa visita cuja programação foi reduzida nos últimos dias.
Homenagem de grupo ligado à ultradireita
Com faixas exibindo mensagens como "Miséria neoliberal", alguns ativistas se reuniram em frente ao hotel onde Milei recebeu a medalha da Sociedade Hayek, um think tank criado em 1998 para promover ideias liberais do economista austríaco Friedrich Hayek (1899-1992).
Nos últimos anos, a sociedade tornou-se controversa após a entrada de vários políticos do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), descrito por um ex-membro liberal como um processo de "infiltração por reacionários". Como resultado, dezenas de antigos membros liberais deixaram a sociedade na década de 2010.
Ao receber a medalha, Milei foi ovacionado por cerca de 200 pessoas, que aplaudiram e gritaram "liberdade" no hotel Hafen de Hamburgo.
"Você [Milei] defende uma mudança fundamental de rumo sem promessas populistas e soluções baratas", declarou Stefan Kooths, presidente da Sociedade Hayek. "Seu principal oponente é o marxismo cultural, uma vez que o socialismo puramente econômico de Karl Marx foi há muito refutado teoricamente e na prática", acrescentou, criticando "o niilismo igualitário, as fantasias das políticas identitárias, os equivocados caminhos pós-coloniais e o feminismo radical".
Entre os presentes estavam o polêmico ex-chefe dos serviços secretos alemães Hans-Georg Maassen, conhecido por teorias conspiratórias e ligações com a ultradireita, e a deputada Beatrix von Storch, da ala ultracristã da AfD. Von Storch compartilhou uma foto da cerimônia nas redes sociais, elogiando Milei e criticando os socialistas que protestavam do lado de fora.
**Protestos paralelos e visita reduzida**
Enquanto isso, cerca de 400 pessoas, segundo a emissora regional NDR, marcharam pedindo a anulação da homenagem, exibindo cartazes como "Milei não é liberdade, é fascismo" e "A Argentina não está à venda". A manifestação fez parte do "mês anti-Milei", uma série de eventos organizados por plataformas de grupos argentinos e alemães.
Os protestos contra Milei terminam neste sábado em Berlim com um "festival da democracia", incluindo aulas de tango e música ao vivo. Os principais jornais alemães descreveram a visita de Milei como a de um "convidado difícil".
Após receber a Medalha Hayek em Hamburgo, Milei viajará para Berlim para se reunir com o chanceler Olaf Scholz, numa "breve visita de trabalho". Inicialmente, Milei seria recebido com honras militares e participaria de uma coletiva de imprensa conjunta com Scholz, mas os planos foram modificados devido à recusa de Milei em falar com jornalistas.
O porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, afirmou que a visita de trabalho será breve, por vontade do presidente argentino, que se recusou a participar de uma coletiva de imprensa. Meios de comunicação alemães especulam que o encurtamento da visita pode estar relacionado com declarações agressivas de Milei contra o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, descritas como "de mau gosto" pelo porta-voz do governo alemão.
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